28 de novembro de 2011

Diário - 28º Registro...

Depois de algumas semanas,os infectados começaram a sair do portão...talvez,perderam o interesse.
Então,eu e o Matheus saímos a primeira vez no dia 2 de novembro.A Cláudia abriu o portão,arrancamos no Honda Civic deles,e ela fechou o portão novamente.
Fomos para o supermercado mais próximo...um Pão de Açúcar à uns 4 Km de distância.
Ele estava todo fechado,e vazio.
A rua não tinha nenhum infectado;O Matheus estacionou ao lado do portão,e o pulamos.
-O carro já ta com o teto solar aberto.Na volta você fica em cima e joga tudo por ele.
-Tudo bem
Pegamos um carrinho,e quebramos um vidro na lateral da entrada do mercado.
Lá dentro,o cheiro de carniça e mofo estava impregnado.
Pegamos alguns enlatados e enchemos o carrinho.
Na saída,fiz o que havia sido combinado.
Depois que joguei tudo dentro do carro,fomos embora sem problemas.
Quando chegamos na rua do prédio,o Matheus buzinou,para chamar a atenção dos infectados no portão;Ele deu a volta no quarteirão,e quando voltou,a Cláudia já estava com o portão aberto.Entramos,e fechamos o portão,antes de chegar mais infectados.

Mas com o passar do tempo,as coisas foram ficando mais difíceis...tivemos que ir para outro mercado,para pegar mais comida que não estivesse estragada,tivemos que pegar combustível de outros carros do prédio e das ruas próximas,os infectados apareciam mais pelo bairro...

Na semana passada,pedi para o Matheus me levar até o helicóptero para conseguirmos algo útil.
O helicóptero estava à uns 3 quilômetros do prédio.
A rua tinha alguns infectados,e tivemos que ir rápido.
Quando me aproximei do helicóptero semi-virado,já pude sentir o cheiro de morte.
Lá dentro,o corpo em decomposição do soldado.
Procurei minha mochila,e achei.Ela estava pendurada num dos assentos.Eu a peguei,e observei o soldado...
Vi que ele tinha uma pistola e alguns pentes de munição.
Eu os peguei e pensei que poderia arrumar algo parecido com o piloto.
Mas quando me aproximei,vi que ele estava infectado,e só não tinha me atacado porque não conseguia se soltar do cinto.
Fomos embora.

Não sei se essa situação vai ficar ainda pior...não quero viver para sempre dentro de um apartamento.
Eu já aprendi a usar a arma,todos nós aprendemos.
Fico imaginando o que levou a Beatriz a ter se interessado por mim tão rápido...
Talvez porque ela não tinha contato com alguém da mesma idade há meses,ou por causa de hormônios à flor da pele.....ou simplesmente por falta de opção...só sei que ela se tornou alguém muito importante para mim...toda essa família.

A cada 3 ou 4 dias,eu e o Matheus saímos para buscar comida,e não sei se vou sobreviver para voltar.
Só espero que essa situação melhore...

20 de novembro de 2011

Diário - 27º Registro...

Caramba...não acredito que consegui recuperar esse caderno...
Aconteceu tanta coisa desde que eu escrevi as últimas palavras aqui...
Depois que nos trancamos no arquivo,passamos a noite lá,e quando saímos,apenas alguns infectados perceberam.
Os tiros começaram,e cada vez,vinham mais infectados.
No 4º andar,tudo foi por água abaixo...aquele lugar estava cheio de infectados...lotado.
Era impossível simplesmente abrir caminho aos tiros por ali.
Até aquele ponto,tudo estava sob controle,mas quando começamos a voltar,o desespero tomou conta de todos.
Ao som de gritos e tiros,o grupo foi aos poucos diminuindo,e quando cheguei ao 10º andar,olhei pra trás e não vi ninguém.
Parei um pouco para retomar o fôlego,e comecei a escutar grunhidos,vindos da entrada do 10º andar e se aproximava das escadas.
Eu comecei a subir correndo,tropeçando e chorando.
De repente o grunhido deu lugar à um grito gutural que com certeza tomou conta de todos os lances de escadas...eu olhei para trás e vi um vulto subindo à uma velocidade incrível...em um momento,coloquei a luz da minha lanterna nele,e vi um monstro.
Só podia ser ele.Era o Nilton.
Um dos seus braços estava bem maior que o normal e se arrastava no chão;Nas suas pontas,as unhas viraram garras.
Seu rosto estava desfigurado,na boca enorme,os dentes imensos me assustaram.
Naquele momento,eu teria morrido,se não fossem os soldados que tinham escapado...eles começaram à atirar nele.
Comecei a subir de novo,enquanto escutava os gritos dos soldados.
Olhei para trás de novo e trombei com um infectado...nós dois caímos no chão,e quando levantei,bati minha cabeça em um dos corrimãos com tudo.
Minha vista apagou por um momento,e fiquei completamente desorientado...mesmo assim continuei subindo,me apoiando na parede.
Quando passei pelo 12º andar,percebi que os tiros tinham parado.E aqueles grunhidos assustadores,não.
Comecei a chorar,e parei.
Fiquei parado,esperando algum soldado aparecer,e comecei a escutar o som de passos que aumentavam.
De repente apareceu o infectado com que me encontrei.
Não tive nenhuma reação...eu já tinha conhecimento de que iria morrer naquele momento...
Ele se aproximou,e estendeu os braços,gritando.
O lance de escadas se iluminou com um clarão,e o infectado teve sua cabeça estourada.
Quando ele caiu,vi um soldado atrás,apontando seu fuzil para minha direção,e o zumbido no meu ouvido foi diminuindo.
-Vai logo!Somos só nós dois...só mais um andar e chegamos no heliporto!
Começamos a subir e chegamos no heliporto;Quando abri a porta, a claridade do sol me cegou por um tempo.
Minha vista começou a se acostumar e pude ver o helicóptero.Minha salvação.
O piloto estava lá,com o helicóptero todo fechado...O soldado que estava comigo deu sinal para ele abrir.
Quando entramos,o helicóptero já começava à funcionar.
-Deu tudo errado...temos que sair daqui agora! - Disse o soldado
-E...e os outros?!
-Todos morreram,vamos logo!
O piloto ficou perplexo.
Vários infectados começaram à chegar ao heliporto.
De repente,surgia entre eles,o Nilton.Ele despedaçou os infectados que estavam em seu caminho e corria em direção à nós.
Começamos a subir,quando ele pulou no helicóptero,que se balançou todo.
Já tínhamos voado uns 5 minutos,passando na área do bairro de Tatuapé quando ele surgiu na parte da frente,e começou à quebrar o vidro.
O soldado atirou nele várias vezes,mas ele parecia não se abalar...e então ele enfiou suas garras no peito do piloto,que gritava desesperado.
O helicóptero começou a girar violentamente,e várias luzes no painel piscavam.
O Nilton se soltou do helicóptero,e nós começamos à cair.
Nos aproximamos do chão e tudo se apagou...

Acordei com muita dor,e vi que o soldado tinha morrido também.Tinha sido perfurado por uma barra de metal.
O helicóptero estava de ponta cabeça...eu me soltei do cinto e caí;Me arrastei para fora,e vi que estava em uma avenida.
Em meu braço,estava um corte feio.
Estava ferrado.
Todo machucado,sozinho,e sem saber onde estava...
Percebi que tinham alguns infectados à uns 100 metros de onde eu estava,e eles começaram a se aproximar.
Com certeza,a queda de um helicóptero chama a atenção...
Começaram a aparecer mais infectados,e eles corriam em minha direção.
Procurei minha mochila para fugir,e vi que ela não estava nas minhas costas e não tive tempo para procurar no helicóptero...
Corri,e comecei a me desesperar.Olhei para trás,e vi que surgiam cada vez mais infectados.
Corri por uns 5 minutos.
-Filhos da puta!Podem vir!!!Já tiraram minha família...podem vir...
Acho que a insanidade estava chegando até mim.
De repente,vi em um prédio que estava à um quarteirão,uma coisa se mexendo,rodando,na janela,no 2º ou 3º andar.
Fui para lá,e pude ver,era uma moça,rodando uma toalha.
Quando já estava chegando lá,pude escutar:
-A entrada é na outra rua!Vem!
E ela apontava para uma das travessas da avenida.
Quando virei a esquina,já pude ver um rapaz tirando uma corrente do portão.
Ele o abriu e eu entrei,me jogando no chão e gritando:
-Fecha isso pelo amor de Deus...não deixa eles me pegarem!!!
Ali era o estacionamento do prédio.
O homem acorrentou novamente o portão e então estendeu a mão para mim,me ajudando a levantar.
Entramos no prédio e subimos até o 2º andar,entrando num dos apartamentos.
-Ele está bem?!Ai meu Deus!Coloca ele aqui!!! - disse uma moça,provavelmente,a que estava com a toalha.
Eu me sentei no sofá,e naquele momento percebi meu estado.
Minha cabeça estava sangrando,talvez tinha me machucado na queda,assim como aconteceu com meu braço.
Minhas roupas rasgadas,e sujas de sangue e poeira.
Minha calça estava molhada...droga.Eu tinha me mijado e não percebi.
Meu rosto com uma mistura de sangue,suor e lágrimas.
Eu com certeza não parecia um glorioso sobrevivente de um filme,que portava metralhadoras e matava centenas de infectados por heroísmo.
Era alguém que sobreviveu até aquele ponto,simplesmente por sorte.Muita sorte.
Quando olhei para o casal,vi que eles me observavam com uma mistura de pena,e surpresa.
-Qual é seu nome? - Perguntou a moça
-André...
-Você estava naquele helicóptero que caiu agora?
-S...sim...deu tudo errado,e todos morreram e... - comecei a chorar quando percebi tudo que tinha acontecido.
A mulher se aproximou de mim e me abraçou.
-Calma...está tudo bem agora...você está seguro aqui...
-Obrigado por me salvarem...se não fosse por vocês,eu estaria morto agora...
-Vem...você precisa descansar,vai tomar um banho,e depois vem comer alguma coisa...
Ela saiu e eu observei o apartamento...eles viviam bem antes de tudo isso...eram da classe média.
Ela voltou,com uma toalha e algumas roupas.
-Essas roupas são do meu marido...podem ficar largas,mas não vão ficar curtas,pelo menos.E o chuveiro ainda funciona...é aquecido à gás.
Meu Deus...pelas experiências vividas nos últimos dias,aquilo parecia ser o paraíso.
Tomei um bom banho...não tinha aquilo à umas semanas...
Pude ouvir uma discussão entre o casal,e depois ouvi uma voz feminina,que não era da mulher.
Eu me vesti,e saí.
Todos olharam para mim,e eu vi uma garota,da minha idade.
Depois,Matheus fez curativos improvisados em mim.
Fomos comer,e nos conhecemos melhor.
A mulher,se chama Cláudia,e tem 33 anos.
O homem,Matheus,tem 36 anos.
A garota...Beatriz,15 anos...
Cláudia tem cabelos loiros e parece ser mais nova do que é,Matheus pareceu ser um homem não muito gentil nos primeiros dias,mas depois,se tornou um pai para mim.
E a Beatriz,é linda. Cabelos lisos e compridos na cor castanha,seus olhos,pretos.
Nos dois primeiros dias,ela evitou falar comigo,pensei que tinha algo contra mim,mas todos naquele apartamento pareceram ficar um pouco distantes de mim no começo.
Eu expliquei o que tinha passado até ali,e eles ficaram surpresos por eu estar vivo.
Depois,contaram que decidiram ficar em casa,ao invés de ir para as áreas seguras.E estavam vivos até ali porque pegaram a comida que tinha sido deixada nos outros apartamentos.
Depois de toda a conversa,ficamos todos em silêncio,enquanto eu terminava o segundo prato de arroz e ervilha e salsicha enlatada...
Quando percebi,todos me observavam,enquanto Cláudia tentava esconder um sorriso.
Limpei meu rosto,e fiquei com muita vergonha...estava comendo como um animal faminto...
Quando fomos dormir,me explicaram que não podiam confiar,me deixando dormir perto deles,pois eu não sabia aonde eu tinha me machucado.
Eu entendi,e fui dormir sozinho,em um dos quartos,e depois eles me trancaram.
-Boa noite...e desculpe por isso,vai ser só hoje.
-Boa noite,e obrigado,eu entendo isso...
Passei a noite pensando em tudo que tinha acontecido,e lembrei da minha família...
Gostaria de saber o que aconteceu com eles...
Depois fiquei pensando em como tinha chegado...fiquei com medo da Beatriz ter ficado sabendo que eu tinha  chegado chorando e mijado de medo...que droga...
Então eu dei uma risada mais por estar nervoso...
De repente,lembrei dos meus machucados,não lembrava de tudo aquilo,e fiquei preocupado.
Fiquei com medo de que tivesse ferido meu braço ou minha cabeça,quando me encontrei com um infectado nas escadas do hospital,ou eu tinha me ferido quando bati minha cabeça no corrimão,ou na queda do helicóptero.
De acordo com o governo nos primeiros dias,uma pessoa atacada apresentaria sinais de infecção dentro de 18 horas.
Se eu tivesse sido mordido naquele dia,acordaria querendo atacar aquela família.

Acordei com o sol no meu rosto,e me levantei.
Não era um deles...fiquei extremamente aliviado...
Bati na porta do quarto
-Gente!Eu não fui infectado!
Eu falei isso com uma alegria aparente na minha voz.Eu tinha ido dormir,já acreditando que estava infectado.
-Meu Deus...ele está bem! - escutei a Cláudia sussurrar
Abriram a porta e viram um grande sorriso no meu rosto.
No início do dia,ficaram apreensivo,mas depois,perceberam que não havia mais motivo para medo.
Para economizar alimentos,comemos uma vez por dia,e naquele dia,eu fiz as contas,e vi que faria 15 anos no dia 16,e era dia 10.
-Nós não podemos fazer uma festa,mas considere estar vivo como um presente... - disse Matheus
Fiquei pensando naquilo,e era a maior verdade...sobreviver 5 meses à tudo isso já é um presente...

No dia 13,Beatriz falou comigo pela primeira vez...
-É André,não é isso?
Apenas concordei,com a cabeça.
-Eu não acredito que você sobreviveu do jeito que contou...
-Vocês também estão vivos até agora...
-Mas nós nunca saímos do prédio depois que tudo começou,já você...foi mesmo para a área segura?
-Sim...e aposto que aqui é dez vezes melhor,agora é só um amontoado de gente com medo.Eles tem que racionar comida,senão ela acaba,e as pessoas que ficam doentes,morrem rápido...tem falta de remédios e equipamentos.Por isso eu fui até o hospital que eu disse.
-Nós quase fomos para lá...
-Você me viu chegando?
-Não...meu pai mandou eu entrar no quarto e me trancar,até eles saberem o que estava acontecendo...
Fiquei aliviado...ela não tinha visto meu estado quando cheguei...
-E...e a sua família?...
-...
Olhei para ela,e ela entendeu o que eu quis dizer...mesmo assim,decidi falar.
-Nós sobrevivemos nos primeiros dias,mas eu me separei deles,e nunca mais eu vi eles,já devem ter morrido...
Ficamos em silêncio por um tempo.
Eu decidi parar de lembrar do que tinha acontecido e tente deixar o clima mais leve.
-Bom...se sua mãe não tivesse rodado aquela toalha,talvez você teria me visto virar comida da janela do seu quarto...
Ela sorriu.
-Você vai mesmo fazer aniversário em três dias?
-Se hoje for dia 13,sim...
-Que droga...eu também fiz aniversário depois que tudo começou...dia 8 de julho...
-Não convidou ninguém pro seu aniversário de quinze anos?
-Pois é...ninguém apareceu...
Começamos à rir,e depois,ficamos em silêncio de novo...
Naquele momento,percebi que gostava daquela garota...
Nós começamos à nos beijar...
Ter encontrado aquela família foi a melhor coisa que me aconteceu.
-André, você quer vir almo... - a Cláudia saiu rapidamente do quarto
A Beatriz parou de me beijar e ficou constrangida...
Ela ficou desconcertada e saiu do quarto...
Eu fiquei com medo do pai dela,mas parecia que nada tinha acontecido,talvez a mãe dela nem tenha contado.
Almoçamos,e eu fiquei toda hora olhando para a Cláudia...até que ela percebeu,e sorriu para mim.
Beatriz percebeu meu alívio e eu sorri para ela...
Sem energia elétrica,passamos o dia conversando,e já me tornava mais amigo de Matheus.
Fui dormir pensando no que tinha ocorrido...
O helicóptero tinha caído justamente em um bairro que tinha sobreviventes,e corri dos infectados em direção à eles.
Eu ganhei na loteria.
No dia 15 eu saí do prédio,e fiquei no estacionamento.
Os infectados tinham se aglomerado no portão,mas alguns já tinham se dispersado.
Abrir aquilo novamente seria impossível por uns dias.
Dia 16...a primeira coisa em que pensei quando acordei foi minha família...comecei a chorar em silêncio,e quando parei,levantei.
Depois do primeiro dia em que cheguei,me deixaram dormir em um colchão na sala de estar,e a Beatriz voltou a dormir no quarto dela.
Vi que todos estavam dormindo e fui olhar pela janela.O dia estava ensolarado,e fazia calor.
Seria um dia perfeito,se não tivessem multidões ensanguentadas por toda a cidade.
Depois,todos foram acordando...
Foi um dia quase normal,com exceção do bolo de chocolate que fizeram para mim,à tarde.
Depois,Matheus me deu um relógio...
-Bom...sei que você não vai olhar sempre para ele,até porque não vai ter nenhum compromisso com o qual se preocupar...mas espero que goste...
Ele ficou lindo em meu braço...
-Ai caramba,não acredito...para que tudo isso?! Muito obrigado mesmo...
Tentei evitar o choro,sem sucesso.
Naquele momento, tive certeza de que aquela seria minha nova família...
À noite,arrumei meu colchão na sala,e dormi...
Senti uma mão me sacudindo...abri os olhos e estava tudo escuro.
-Vem aqui... - a Beatriz sussurrava
Olhei para o quarto dela; Estava com uma vela acesa
Nós entramos e ela apontou para a cama dela,enquanto trancava a porta.
Naquela hora,tudo ficou evidente, mas não parecia real...
-Gostou do presente que meu pai te deu? - ela se aproximava com um sorriso no rosto
-M...muito...
-Chegou a hora do meu presente pra você... - ela começou à tirar a blusa...
E então começou a me beijar,deitando-se sobre mim...
-Já fez isso antes?
-Nunca - o nervosismo estava evidente em minha voz
-Eu também...nunca...
Aquela foi a melhor noite da minha vida...

Bom...acho que estou com muito sono para continuar...amanhã eu termino isto...

10 de setembro de 2011

Diário - 26º Registro...

Caramba...a cidade está um caos,com algumas áreas com multidões de infectados,e outras,são áreas vazias...mortas.
Meu bairro virou cinzas,e ainda há alguns focos de incêndio.
Assim que chegamos no heliporto em cima do hospital,muitos infectados começaram a subir,e nem deu tempo de descermos,de modo que tivemos que levantar voo.
Uns 5 minutos mais tarde,abriram uma das portas do helicóptero e abriram fogo contra todos os infectados em cima do hospital.
Depois,descemos de novo,e dessa vez,conseguimos entrar.
Depois de descermos alguns lances de escada,os tiros começaram.
O problema,é que o estoque de remédios fica no subsolo e o hospital tem mais de 10 andares...
Paramos no 8º andar,pois haviam muitos infectados no caminho e entramos numa sala com porta de ferro...
O estranho,é que estamos no arquivo...um arquivo com porta de ferro.
Olharam todo o local,e mataram 4 infectados que estavam aqui dentro...
Só vamos sair de manhã...
Isso aqui é o inferno,dá pra escutar cada gemido angustiado de um infectado...de vez em quando,gritam alto,e juro que até ouvi um choro.
Até alguns soldados ficam assustados com os barulhos às vezes.
Isso aqui parece um hospício macabro.
E tenho certeza de que a noite vai ser longa...

9 de setembro de 2011

25º Registro - Amanhã...

Pronto.Vai ser amanhã.
O Marcelo já entregou relatórios pra todos que vão fazer parte da missão...inclusive eu.
O que me preocupa,não é o fato de simplesmente saírmos...acontece que,o tenente resolveu não nos mandar para alguma área segura,e sim,para um hospital...
Nesse caso,vamos justamente para o Hospital São Matheus.Onde tudo começou.

Um grupo de 25 pessoas,contando comigo,vai sair daqui de manhã,num helicóptero imenso,e lá vamos nós atravessando toda esta merda de novo...
Já ganhei uma mochila grande,que vou usar para guardar os medicamentos.

Percebi que daqui a uma semana,farei 15 anos.Duvido que eu fique vivo até lá.
Minha vida quase voltou à normalidade,mas no fundo,sei que minha família,está morta,junto com 99,9% do mundo.
Enquanto isso,a Ana Paula está sendo voluntária para a distribuição de alimentos aqui.

Tenho que dormir...ficar com sono no meio do que vai acontecer amanhã não seria bom...
Quero ver como ficou a zona leste depois de tudo...

1 de setembro de 2011

24º Registro...

Se passaram 5 dias desde que atualizei este blog da última vez.
Não tive tempo,pois todo dia falo com o responsável por esta área segura.
Parece que,por eu e Ana Paula sermos os únicos sobreviventes a chegarmos aqui depois da queda da sociedade,somos "experientes".Um moleque de 14 anos que chorou muitas vezes,e só matou uma infectada é considerado experiente aqui.O pior é que,por ter toda essa "experiência",serei enviado em uma missão,com um monte de soldados...
Acontece que aqui,está acabando o suprimento de remédios.Uma gripe forte pode significar morte.Idosos que adoecem só esperam a hora deles chegar...
É triste,mas é a realidade.

O Tenente Marcelo planeja nos enviar para outra área segura aqui em São Paulo,mas não sabe qual,pois existem duas que eram anexadas a hospitais.
Deus me ajude,quando eu sair daqui...

Aqui na área segura,todos me olham espantados,como se eu fosse alguém que sobreviveu por habilidade...a verdade é que se não fosse o Carlos,nem sei o que seria de mim e da Ana Paula agora...

O cara do outro blog não atualiza há dias,e não consegui responder o e-mail dele.
Espero que não tenha morrido...


Assim que eu tiver que ir pra essa missão,escrevo aqui.
E depois,todo o inferno recomeça...

26 de agosto de 2011

23º Registro - Sobrevivente...

Estou vivo cara... estou vivo, estou no teto de um prédio, sinto muito pela sua familia, tenho um blog também, o link é http://wofdeadbysky.blogspot.com/...


Estas foram as palavras de resposta...li o blog dele e a sua história é muito parecida com a minha...aguente firme cara...


O que percebi também,é que fui chamado em todo o final de tarde para a sala do responsável por essa área segura.
O nome dele é Marcelo Campos...um tenente que conseguiu cuidar disso aqui por todo esse tempo.
Todo dia eu estou relatando o que passei,e mostrando meus diários.


Me disseram que eu e a Ana Paula somos os únicos sobreviventes a chegarmos aqui depois que toda a poeira abaixou.Talvez por isso,que estamos recebendo um tratamento diferente...com algumas mordomias.
Espero que isso dure...

22º Registro - Área Segura...

Eu levantei,muito ofegante...
Sacudi o braço para jogar o excesso daquele sangue espesso no chão,e olhei o corpo caído.
Carlos já havia subido no vagão,junto com Ana Paula,e depois de uma olhada falou:
-Esse aqui funciona por bateria...liguem aqui -apontou para o painel do vagão-e assim que eu disser,empurrem a alavanca!
Ele saiu no mesmo instante,e correu em direção à multidão que nos perseguia,e se perdeu de vista na curva do túnel.
Enquanto isso,liguei o vagão como ele disse,e suas luzes iluminaram o túnel.
Depois de uns 20 segundos,tiros começaram a ser disparados,e depois de um tempo,ele voltou correndo e gritando:
-Acabou a munição!Já empurra a alavanca!!!-Carlos gritou com um desespero que nunca vi antes nele.
Empurrei com toda a força,e nada aconteceu.
Quando Carlos ia subir,percebeu que não ligava,e então agachou-se.
Eu fui ver o que ele estava fazendo,e quando abri a porta traseira do vagão,ele estava mexendo nos fios de uma pequena caixa embaixo do vagão.
-Carlos!Eles estão vindo!!! -Minha voz vacilou...e quase não saiu nenhum som.
-Empurra a alavanca agora! - Carlos gritou,e eu dei o sinal para Ana Paula dar a partida no vagão.
Na hora,um leve zumbido tomou conta do vagão,e ele começou a se mover lentamente.
Naquele momento,os infectados já estavam a 15 metros de nós,e eu pedi ao Carlos para ele entrar no vagão.
-Fecha a porta!!!- Ele já estava levantando e correndo em nossa direção.-A próxima estação é um hot spot!Não parem por nada e depois de passarem por lá,tentem parar na estação Trianon-Masp!!!
Assim que ele terminou a frase,os infectados o alcançaram,mas ele ainda conseguiu escapar e correu um pouco mais.Na hora,ele puxou uma granada que estava num bolso.
Ele sorriu e piscou pra mim,então parou,puxando o pino da granada.
Bem na hora,o vagão já estava em alta velocidade,e o perdemos de vista na curva do túnel.
5 segundos depois,o túnel se encheu de uma luz amarelada e o ruído da explosão foi ensurdecedor...
Carlos tinha se sacrificado pra nos manter na luta...
Em dois minutos,passamos pelo hot spot da estação Brigadeiro...foi um show de horrores...
Uma multidão estava na plataforma,e mais alguns na linha do metrô.Alguns de pé,outros jogados no chão.
Me arrependo de ter ficado com os olhos abertos na hora.
-Cuidado,Ana Paula,se abaixa!-Eu disse,e fiquei de pé.
Quando o vagão se aproximava,muitos da plataforma se jogaram na linha,e quando atingimos aquela massa de gente,tudo virou um espetáculo grotesco.
Toda a parte de fora foi pintada de tons de vermelho,marrom e preto.O vagão diminuiu seu avanço e pude sentir seu metal rangendo.Vi alguns membros girando no ar,e quando tudo aquilo acabou,ganhamos velocidade novamente.
O vagão se encheu de um fedor insuportável,e quando vimos uma luzinha piscando embaixo do nome Trianon-Masp no painel,comecei a diminuir a velocidade.
Parei o vagão uns 10 metros antes da plataforma da estação,e tivemos que correr para lá,sem saber o que havia naquele local...assim que passamos pelo vagão,vi que pedaços de gente estavam grudados na parte da frente,e aquilo cheirava a excrementos.
Depois,andamos até a plataforma,quando um grupo de uns 10 homens,todos armados,apontavam para nós.
-Se não forem infectados,falem agora!!! - Disse um dos homens
-Parem!Não somos infectados...por favor nos ajudem! - Gesticulei desesperadamente,e a Ana Paula fazia o mesmo.



Ficamos de quarentena por 7 dias,e depois fomos liberados para a tão sonhada área segura...
Não é o paraíso...mas em relação ao inferno que é la fora,pode ser considerada um refúgio desesperado...
Acontece que falta de tudo aqui...comida,água,remédios...tudo é racionado...
E essa área segura é um complexo que pega 2 quarteirões da Avenida Paulista...
Vários galpões estão por aqui,e cada um oferece um serviço básico para todos...droga...o fato de eu ter me separado da minha família no momento mais importante é horrível.
A angústia é enorme.

Hoje estava vendo meu e-mail...recebi uma mensagem,mas não sei se isso é verdade...
Era de um cara que se chamava Sky,e dizia assim:
Oi, cara eu li seu blog e espero que você ainda esteja ai, se estiver me responda o mais rapido possivel, temos muito o que conversar...
Tomara que isso seja verdade...
Respondi assim:
Fiquei assustado quando li seu e-mail,e espero que ainda esteja vivo...por favor,mande outro e-mail para garantir que é de verdade...
O que eu menos gostaria,é que estivesse mandando um e-mail pra um cara que já tivesse morrido.

Só estou esperando a resposta dele...

21º Registro - Área Segura...

O barulho dos passos foi aumentando.
Com certeza,esses infectados conseguem sentir de algum modo,a presença de pessoas normais...pelo cheiro talvez.
Eram só mais duas estações,e estaríamos a salvo,longe desse inferno.
Falando,parece fácil...só falando.
Fiz o maior esforço pra levantar,e parecia que eu tinha uma tonelada presa a mim.
Assim que eu levantei,todo o meu corpo doeu.
Carlos deu o sinal,e começamos a correr...
Naquela parte da estação,as luzes estavam acesas,e conseguimos pegar uma boa distância do grupo de infectados...quando olhei para trás,vi que tinham uns 10 atrás de nós.
Depois de uns 3 ou 4 minutos correndo,um vagão estava bem no meio do caminho,mas não era um vagão normal...era um vagão pequeno,e era um só.
Provavelmente era de manutenção.
A porta traseira estava aberta,e eu já pulei pra dentro...mas sem olhar o que tinha dentro.
Um homem magro,loiro,e com uma barba que cobria todo seu rosto estava deitado,embaixo do banco,ao meu lado,seus dentes estavam à mostra por falta de toda a lateral de seu rosto.
Seus olhos estavam mortos,sem reação,até que eu tossi por causa do impacto com o chão.
De repente,ele tentou se levantar,sem sucesso,e então rolou para cima de mim.Na hora,fique sem muita reação,e fiz o que dificilmente faria,se tivesse pensado bem...assim que ele subiu em mim,empurrei seu queixo com toda a minha força,até ouvir um estalo forte,e sua cabeça ficou travada por um instante,até que ela escapou das minhas mãos,ficando pendurada somente pela pele do pescoço,e o homem ficou abrindo e fechando a boca,enquanto seu sangue escuro e gosmento começou a sair de sua boca,escorrendo por meu braço.
Bem na hora,a cabeça do homem explodiu,e quando olhei para o lado,lá estava Carlos,com seu fuzil apontado...
Vou escrever depois...estão me chamando...tudo aqui é diferente do que pensávamos...mas mesmo assim,é melhor do que lá fora...

25 de agosto de 2011

20º Registro - Área Segura...

Não acredito que consegui chegar aqui...e devo isso ao Carlos.
Ele morreu para eu e a Ana Paula chegarmos aqui...
Depois de três dias na estação,decidimos que não era muito sensato ficarmos lá,já que as saídas ficaram completamente cercadas.
Então,o Carlos encontrou uma espécie de sala de controle da estação,e ligou as luzes da plataforma.Infelizmente,as luzes dos túneis não eram controladas por lá,de modo que tivemos que seguir viagem no escuro.
Carlos só tinha uma lanterninha pequena,que iluminava no máximo uns 5 metros à nossa frente.
Foi muito deprimente passar estação por estação,vendo tudo aquilo vazio...acho que quando tudo saiu de controle,a maioria das estações estavam fechadas...provavelmente foi na hora de fechar as estações... mas na correria,não houve tempo de fecharem todas.
Entre as estações Pedro II e Sé,vimos o primeiro infectado,que surgiu das sombras e correu em nossa direção.Carlos o abateu sem dificuldades...os dois tiros disparados por ele com certeza ecoou por algumas dezenas de quilômetros...e o fato de estarmos num túnel deve ter ampliado aquilo.
Na estação da Sé,foi que toda a merda aconteceu...tudo seria fácil.Sair da linha vermelha,e passar para a azul,em direção à Jabaquara,até mudarmos de linha novamente,para a linha verde,onde iríamos andar duas estações até a Trianon-Masp .
Seria fácil,se o chão de toda a estação não estivesse cheia de corpos...centenas deles.
Enquanto caminhávamos pela estação,observei aquele tapete de corpos,o ambiente impregnado,com cheiro de morte...quase na plataforma da linha azul,vi um corpo sentado de um policial militar,com a cabeça inclinada e uma arma na mão...naquele estado de decomposição,era impossível distinguir se ele havia cometido suicídio,mas era fácil deduzir...
Talvez uma multidão de infectados tenha invadido a estação,e quando viu que era impossível conter todo mundo,o desespero tomou conta daquele policial...
-Droga...então era verdade...-Carlos rompeu o silêncio,e seu sussurro pareceu um grito -Ouvi no rádio um comunicado sobre esta estação...chamaram de "hot spot"...
Eu fiquei em silêncio,e a Ana começou a ficar nervosa,quase assustada...acho que ela já tinha ouvdo aquela expressão...
-É um ponto quente...quando essa doença explodiu,esse não era um lugar muito sensato de se visitar...-Até ele mostrava preocupação... -Provavelmente não estamos sozinhos,então,muitas dessas pessoas não estão mortas...
Assim que ele disse isso,pulamos na linha do metrô...e a Ana Paula começou a chorar.
Uma espécie de grunhido chegou aos nossos ouvidos como um tapa na cara,e sem nenhuma necessidade de aviso começamos a correr...
Tenho certeza de que passamos por umas duas estações sem diminuir o ritmo,e o barulho de pedras sendo pisadas era constante.
A lanterna acesa do Carlos balançava freneticamente enquanto ele corria,e o feixe de luz girava pelo túnel iluminando casualmente a nossa frente...
Talvez,os infectados estivessem a uns 30 metros atrás de nós,e de vez em quando,o Carlos parava e mandava uma rajada de tiros na multidão.
Corri tanto,que senti meu peito queimar,meu sangue ardia como ácido a cada batida do meu coração.
A Ana Paula ameaçou parar muitas vezes e a cada vez que acontecia isso,Carlos a pegava pelo braço e quase a arrastava.Numa das vezes ele tentou gritar,e quase saiu um sussurro.
-Pe..pelo amor de Deus...não para!
Quando ninguém mais aguentava correr,vimos as luzes de uma estação ao longe...
Aquilo foi um alívio...assim que vimos a placa azul onde estava escrito "PARAÍSO",escalamos a plataforma com tanta rapidez que poderíamos ganhar uma competição daquilo...
Procurando desesperadamente por placas de sinalização,fomos para a plataforma da linha verde que dizia "Embarque-Vila Madalena".
Assim que pulamos na linha do metrô,desabamos no chão.O cansaço e a altura de que pulamos fez com que ficássemos uns 30 segundos no chão.A respiração de cada um de nós parecia a de alguém que conseguia chegar à superfície depois de ficar debaixo d'água por mais de 5 minutos.
E depois,ouvimos barulhos de passos no chão...alguns daqueles infectados conseguiram subir a plataforma e estavam correndo pela estação...
Droga...estou exausto para escrever...tentarei terminar amanhã.
E mal posso esperar pra dormir na minha nova cama...

14 de agosto de 2011

Diário - 19º Registro...

Nossa...tive uma sensação que não tinha em semanas...
Acabou que o Carlos concordou em saírmos de lá,depois da morte da 3ª pessoa.
Sobraram 4,contando comigo.Nós tivemos que fugir para a estação Bresser.
Nossa sorte na saída foi que os infectados se distraíram com os corpos lá dentro...
Quando chegamos perto da estação Bresser,tivemos que parar,pois a avenida estava cheia de infectados.Um mar formado por seres atormentados,que um dia tiveram família,trabalho,deram risada com amigos.Hoje são maltrapilhos cheios de sangue.Alguns com pedaço de carne na boca.E talvez minha família esteja lá.
Tivemos que parar na porta da estação,e subimos na Hilux,e depois na cobertura da entrada.
Era uma rampa imensa.Uns 20 metros de concreto liso e inclinado.No meio do caminho,olhei pra baixo,e bem na hora,uma senhora de uns 40 anos começou a escorregar,indo direto para aquele inferno.Não gostaria de ter visto aquilo.Eu vi as vísceras da mulher,vi seu sangue escorrer entre os dentes daquelas pessoas.
E de repente,seu gritos pararam.Nem terá condições de virar uma infectada,com certeza não restou nada.
Depois,agente subiu,e chegamos na plataforma.
Agora estamos aqui.Eu,o Carlos,e a Ana Paula,uma moça de uns 25 anos ,que esteve desesperada por todo esse tempo.Eu consegui quebrar um quiosque da Nestlé,e peguei algumas barras de chocolate...isso é muito bom.Nem lembrava o quanto.
Mas mesmo aqui,existe um grande perigo.
Ninguém sabe se todas as estações estão fechadas.Tudo pode acontecer...inclusive,infectados conseguirem chegar aqui pela linha de metrô...
Isso é o que eu menos quero... 

7 de agosto de 2011

Diário - 18º Registro...

Está bem...não aguento mais.
Não posso ficar fugindo do que parece óbvio,sei que minha família já deve estar morta.
Não sei se estou delirando,mas já escuto barulho de tiros e às vezes,de carros.
Deve ser porque eu já não como nada faz uma semana.
Eu já falei ontem com o Carlos,que não poderíamos ficar mais aqui.Duas pessoas aqui dentro já morreram,e não é nada agradável sentir o cheiro de um ser humano em decomposição,ainda mais em um lugar fechado.
Acho difícil ele me escutar,mas parece que ele também tem planos para saírmos daqui.
Depois do que aconteceu,tivemos que nos separar,e ficou impossível de seguirmos adiante depois de tudo.
Estamos trancados num barzinho,que fica na região do Tatuapé,mas não sei exatamente o lugar.
Depois que bloqueamos a entrada com o balcão e a mesa de sinuca,ficamos um bom tempo aqui,esperando algo acontecer.Mas simplesmente estávamos abandonados,e ainda estamos.
As batidas na porta já pararam,mas ainda existem muitos lá fora.
Mesmo assim,o Carlos tem um fuzil.Não quero morrer num quarto escuro,no meio de mais um monte de cadáveres.Agente tem que sair daqui.
Minha cabeça tem tanta ideia que está quase explodindo...
Não,não posso mais ficar aqui.
Amanhã essa cidade vai ganhar mais um infectado como habitante.
Ou vai perder alguns...

29 de julho de 2011

Diário - 17º Registro...

Meu Deus...essa é a primeira vez que eu escrevo aqui depois do que aconteceu...
Parece que tudo o que eu vivi está a anos de distância...que meu lar está em um lugar impossível de se chegar agora,o que de certa forma,é verdade.
Acho que fazem uns 15 dias que saí da escola,e provavelmente,todas as pessoas que estavam lá já morreram.
Eu não tive a mesma sorte...já que agora,estou em um grupo de sete pessoas,e nenhuma é da minha família.


Sou um moleque de 14 anos sem a família no meio do inferno,trancado num prédio abandonado,e sem saber se vou sair vivo daqui...de repente,a morte parece tão tentadora...
Praticamente tudo corria o risco de fracassar,e foi justamente o que aconteceu.Seria cômico se não fosse trágico.
Depois de abrirem o portão da escola,uma pequena caravana saiu de lá,com 3 carros,sendo que o primeiro era uma Hilux,onde todos se espremiam na caçamba,junto com Carlos,que estava com o seu inseparável fuzil,mirando para todos os lados.
Logo depois veio o carro da minha família,um Uno com 5 pessoas além de mim e a cadelinha.
E o último carro era um Gol modelo antigo,dos "quadrados",que era até bonito.
Eram 3 latas cheias de carne para os infectados.
Andamos por toda a avenida Aricanduva,e pelo começo da Radial Leste,mas passando pela estação de metrô Carrão,uma multidão já ocupava a maior parte da pista,e entre desvios,e batidas nos vidros,conseguimos passar por aquele trecho...acho que a Hilux ainda deve ter algumas manchas de sangue em sua lataria.
Depois andamos mais algumas centenas de metros e apesar do trecho estar livre,alguns infectados ainda ficavam nos cantos da pista,e justamente um deles conseguiu entrar na frente do Gol,que arrancou suas pernas e seu tronco ficou em cima do pára brisas,e o carro perdeu o controle e girou na pista,lançando-o longe.
O carro ficou parado e nós paramos também.
Antes de saírmos para ajudá-los,Carlos já disparava contra os infectados que se aproximavam do carro.
Depois,nós fomos até lá e ajudamos as pessoas que estavam no carro a descer.
Quem saía,pulava na caçamba da Hilux,que ficou cheia.
Quando agente já voltava,fiquei por último,e no desespero do momento,fecharam as portas do Uno comigo do lado de fora.
Naquela hora,só tive o pensamento de pular na caçamba.
Com toda a confusão,não percebemos que mais infectados haviam se aproximado,e foi isso que nos obrigou a seguirmos caminhos diferentes.
Não sei como minha família está,nem onde ela está.
Não estou me sentindo bem pra falar disso...acho que amanhã eu continuo...

16 de julho de 2011

16º Registro...

Me desculpem por não ter atualizado isto antes,mas não tinha muito o que contar até a noite de ontem,quando Carlos reuniu a todos no pátio e disse que a comida estava acabando...
Todos ficaram em silêncio por um bom tempo.
Sem comida,não temos condições nem motivos para ficar aqui...e fora daqui,não temos condições de sobreviver.
Mas parece que é isso.Ou ficamos para morrer de fome,ou saímos para possivelmente sermos infectados.
Depois de toda a murmuração que se estendeu por uns 10 minutos,Carlos pegou um rádio comunicador e tentou algum contato.Depois de um tempo,ele recebeu um sinal fraco,cheio de ruídos,mas dava para entender alguma coisa.
-...você estiver escutando isso,venha para a aveni...repito...venha...aulista...abrigo e prote...-a voz era grave e rouca,provavelmente de algum oficial experiente do exército.
-Não acredito...um dos meus superiores ainda está aguentando firme!- Carlos quase derrubou o rádio no chão e continuou- Essa transmissão deve vir da área segura da avenida Paulista.
Ele ficou quieto por um tempo,enquanto todos olhavam para sua cara.
-Só tem um jeito de sobrevivermos...- disse ele,dando uma pausa- Vamos para a avenida Paulista.
A desordem começou,e todos queriam falar ao mesmo tempo.Fui dormir...
Hoje de manhã,todos já arrumavam tudo para a retirada,mas um grupo decidiu ficar ali...
Depois de explicarem a eles que o portão ficaria aberto depois que saíssemos,disseram que se trancariam em uma das salas até que os infectados se afastassem de lá,e depois,o fechariam de novo.
-Não quero acabar igual a eles- apontava para fora da escola-...Deus vai nos ajudar- disse a dona Fátima,uma senhora simpática de uns setenta e tantos anos- Se cuida meu filho!- disse pra mim,enquanto segurava um terço.
Ela criou uma amizade com minha família,especialmente com minha mãe,que para ela,era quase como uma filha.Nestes tempos,algumas semanas são o suficiente para as pessoas se amarem...a se tolerarem.Acho que é o instinto de sobrevivência.Ninguém fica contra ninguém.
Coitada dela...ficar aqui com um grupo de pessoas assustadas...isso é plano de doido.
Mas o de ir para a avenida Paulista não fica atrás.Vou cruzar a maior cidade do país com 90% da população querendo nos matar.
Vai ser amanhã.Vou escrever no meu diário se conseguir.
Mas existe uma enorme chance de essas palavras serem as últimas que escreverei aqui.
Deseje-me sorte.

14 de julho de 2011

Diário - 15º Registro...

Me deixaram ficar aqui no telhado da escola,e a vista é desanimadora...
Do meu bairro está se erguendo uma coluna de fumaça preta imensa.Tudo por lá deve estar destruído...inclusive minha casa.
Dá um desespero...mas ao mesmo tempo,um alívio.Aqui na frente da escola,umas dezenas desses infectados já se acumulam no portão,que dá a impressão de que a qualquer momento cairá...
As pessoas aqui dentro já nos olham de modo estranho,como se nós fôssemos culpados por isso,e de certa forma,somos mesmo...
Tomara que tudo isso acabe logo...e Deus queira que seja da melhor forma possível.

11 de julho de 2011

14ª Registro...

Ficamos bem até agora,mas parece que a comida daqui está acabando...
Não sabemos se vamos ficar aqui por muito tempo.
Nossa.Faz tempo que não escrevo no meu diário,vou fazer isso hoje.
Espero que ainda tenha alguém lendo isso.
E apesar dos ocasionais gemidos dos infectados que já estão se amontoando no portão lá fora,hoje é um lindo dia.

6 de julho de 2011

13º Registro...Consegui...

Nem eu sei como estou vivo...mas estou aqui.
Incrívelmente esta internet ainda funciona,mas falhando.
Acabei de transcrever para cá tudo o que escrevi no meu caderno,e nem sei se ainda tem alguém vivo para ler isto.
Por enquanto tudo vai bem aqui na escola...
Mas não sabemos por quanto tempo,já que a comida já está na metade.
Parece que chamamos a atenção de alguns infectados...eles começaram a se acumular na avenida em frente a esta escola.
De alguma forma,eles sabem que estamos aqui.É estranho...
Fico imaginando como deve estar minha casa agora...toda escancarada,com meia dúzia de corpos jogados no portão e uma pá suja de sangue...
Antigamente,aquilo daria um grande problema com a polícia...droga,estou tentando fazer piada.
Melhor acabar por aqui.

4 de julho de 2011

Diário - 12º Registro... Segurança

Como escrevi,o homem abaixou a arma.
Toda a minha família se aproximou lentamente,e o grupo que estava na escola fazia o mesmo,mas correndo.
Era uma cena surreal,encontramos (ou fomos encontrados) sobreviventes depois de semanas de tanta destruição...
O homem vestia um uniforme do exército e se apresentou como soldado Carlos.
Depois de verificar se não tínhamos alguma ferida suspeita,toda a nossa família foi acolhida por aquele grupo.
Ainda estavam ali por sorte...desesperados,conseguiram se refugiar naquela escola,e ainda com um soldado armado.
Com a comida no refeitório e uma quantidade considerável de gás,conseguiam se alimentar por um bom tempo.
Achando as chaves das salas de aula,montaram dormitórios improvisados nelas,e poderiam dormir seguros,enquanto estavam fechadas.
Uma escola,com alguns sobreviventes assustados conseguiram aguentar o Apocalipse...e as "Áreas Seguras",com milhares de militares armados caíram nos primeiros dias...
Deve ser este o novo mundo.Acabei de acordar,e soube que esta escola tem um gerador,mas só podemos usar a energia elétrica de dia,para economizá-la e para evitar a atenção dos infectados.
Agora é a hora...soube que aqui existe uma sala de informática,mas ninguém teve tempo de verificar se ainda existe internet ali.
Ainda bem que colocaram outra corrente naquele portão.Me sinto bem mais seguro.
É quase como ter a vida de volta.

3 de julho de 2011

Diário - 11º Registro... Uma esperança

Consegui escrever de novo.
Quase morri hoje.Quase vi minha famíllia morrer.
Ví pela janelinha do depósito que só tinham 4 infectados fora do mercado,e 2 deles estava longe,então saímos do mercado.
Assim que a porta se levantou,o primeiro pulou  pra dentro,e ficou de frente com meu irmão mais velho,Alex,que afundou um martelo na testa dele.
O 2º estava a três metros,e com a porta já levantada,veio direto em minha direção...foi a primeira vez que matei um deles.Foi muito estranho.
Eu estava com uma faca de uns 30 centímetros,só por precaução,mas eu vi que ela já estava perto demais,e seria impossível para alguém da minha família me ajudar naquele momento.Era matar ou morrer.
Desesperadamente,a magra mulher ergueu os braços e acho que senti suas mãos tocarem meus ombros,mas me abaixei e apenas levantei a faca com toda a minha força,tentando acertar seu queixo por baixo.Senti que a faca tremeu ao acertar sua carne,e deslizou até tocar alguma parte interna de seu crânio.Na mesma hora minha mão travou,então larguei a faca,e me afastei.O corpo dela caiu,produzindo um baque surdo no chão.
Tudo isso deve ter acontecido em 2 ou 3 segundos,e os infectados que estavam longe da porta do mercado já estavam perto.
Enquanto meus irmãos e meu pai se atracavam com eles,peguei minha cadelinha e chamei minha mãe,indo em direção ao carro.Já abri a porta e joguei a Belinha lá dentro,e esperei minha mãe entrar.
Logo depois já olhei para a avenida e vi uns 15 a 20 infectados espalhados por ela,eles já se aproximavam,atraídos por todo barulho.
Quando me voltei para a porta do mercado,meu pai e meus irmãos já vinham para o carro.
Assim que o carro funcionou,aquela multidão ensanguentada atingiu a parte de trás dele,e quase cercaram o carro,quando meu pai acelerou.
Fomos em direção ao bairro do Aricanduva,e agora,estamos dentro de um CEU.
O portão estava fechado com uma grande corrente,e o carro a arrebentou,quando acertou o portão.Assim que entramos,todos desceram do carro,menosmeu pai que ficou no volante.Como o portão só abria para dentro,fechamos ele e meu pai deixou o carro na frente,impossibilitando a entrada de alguém por ali.Naquele momento,ao ouvir o barulho do motor,percebi o quanto a cidade está silenciosa.O ronco do motor do pequeno Uno cinza ecoou por toda a região,e foi possível ouví-lo por mais uns 5 segundos.
Com certeza,viriam mais daqueles infectados.
Quando voltamos nossa atenção para a escola,vimos uns vultos se mexerem dentro das sombras do prédio.
Todos nós nos preparamos para o pior.
Na mesma hora,um homem surgiu das sombras rapidamente,e sua imagem começou a ficar nítida na fraca luz do sol.
Era uma pessoa de verdade.E estava armada...
Logo,várias outras pessoas surgiam atrás dele.Incrédulos,todos da minha família e eu apenas observávamos aquela cena.
De repente o homem que estava armado levantou o seu fuzil.Percebi o que ia acontecer e gritei:
-Pare!Pare!Somos humanos!!!
Minha voz pareceu extremamente alta e esguelada.
O homem não abaixou a arma,mas parecia que tinha desistido do que ia fazer...
Olhou para trás,para a multidão que estava atrás dele,que começava a falar simultâneamente.Lentamente foi abaixando a arma.
Meu Deus...estou morrendo de sono,não durmo há 3 dias.Continuo a escrever amanhã.
O importante é que estou seguro...
03/06/2011

1 de julho de 2011

Diário - 10º Registro...

Eles são incansáveis...
Hoje de manhã,descobri uma espécie de sótão no depósito desse mercadinho.Bem à frente,existem umas janelinhas que dão para a rua.
Caramba...eram muitos.Agora a pouco,eu olhei e alguns já tinham ido embora,acho que perderam o interesse.
Minha testa ganhou uma cicatriz feia.Ainda dói,e só foi feito um curativo.
Talvez,sairemos hoje de manhã daqui.O nosso Uno está perto da porta,de modo que será relativamente fácil,chegar até lá...
Estou comendo muito biscoito recheado...fazia tempo que eu não comia isso.Talvez sejam os últimos...
01/07/2011

30 de junho de 2011

Diário - 9º Registro

Primeiramente,obrigado,Deus.
Nem sei como minha família está viva...
Estamos agora neste pequeno mercado,a 4 Km da minha casa.Depois de um arrombamento,conseguimos entrar e travar a porta com alguns freezers.Eles estão batendo furiosamente na porta,mas parece que agora,a força diminuiu.
Droga...a 200 metros desse mercado,eu e minha família tomamos o maior susto de nossas vidas,ou quase mortes.Meu pai perdeu o controle da direção quando desviou de um dos infectados e bateu a lateral do carro em um poste quando ele derrapou.
Minha testa abriu uns 2 centímetros.Ainda assim,meu pai conseguiu dar a partida e quebrou o farol dianteiro no joelho de um homem obeso,com suas entranhas penduradas.
Assim que as pancadas terminarem,iremos sair daqui,mas não,sem antes pegar muita água e comida.
Estou escrevendo isso enquanto a Belinha(uma pequena poodle cinza) está no meu colo,dando pequenos pulos a cada batida na porta.
30/06/2011

29 de junho de 2011

Diário - 8º Registro

Acabei de escrever no blog,e a bateria acabou.
Agora vamos andar sem rumo por uma cidade cheia de mortos,com 5 pessoas e uma cadelinha dentro de um Uno.
Geial Genial...
Já enchemos o carro com algumas coisas,e é a primeira vez que vimos essas coisas de perto.Quase derrubaram o portão,e gritaram muito.
Meu pai,meus irmãos e eu arrebentamos a cabeça dos infectados que estavam no portão,com pás e martelos,mas já apareceram mais 2.E parece que vêm mais alguns.Temos de sair daqui logo...meu Deus...nos ajude.
Vamos entrrar entrar no carro agora.
Falei pra irmos pra longe do centro da cidade,mas acho que é exatamente pra lá que vamos...
Droga,minha mão está tremendo e estou errando tudo que escrevo.
É isso...espero escrever aqui de novo.

7º Registro...-Fim de tudo.

Talvez esta seja a última postagem deste blog...que contou durante esses dias toda a minha angústia ao assistir o mundo se despedaçar.
Sem energia elétrica,e a bateria deste notebook quase acabando,ficarei impossibilitado de postar alguma coisa.
Sem contar com o incêndio,que continua avançando,deve estar a uns 400 m daqui.Iremos sair de casa...pra uma morte quase certa.Mas é isso,ou ficarmos aqui pra morrermos queimados.
Muito obrigado pra você que leu isto,e considere-se uma pessoa com MUITA sorte,cuide-se
Agora,vamos pro carro,enchê-lo com o que for possível,e atravessar esta furiosa floresta de unhas e dentes.
Vou continuar a escrever o que sinto,no caderno do qual eu falei.
Adeus.

26 de junho de 2011

6º Registro...

Nem sei se é real,mas eu acho que escutei tiros.Bem ao longe...mas já cessaram,talvez porque não existam mais alvos,ou mais atiradores.
Começei a escrever em um caderno tudo o que escrevo aqui,porque,se eu virar um desses mortos-vivos,não quero ser mais um pedaço de carne podre anônimo,quero que saibam que eu existi...apesar de que sei que dificilmente alguém irá revirar uma dessas coisas.
Parece que desta vez a energia elétrica foi-se de vez.Houve uma explosão em algum transformador por aqui,e agora,mais uma vez estou no escuro.
Por falar em explosões,o incêndio continua avançando,e está chegando perto da minha casa...pelo menos,os mortos-vivos estão sendo atraídos pela luz do fogo...agora deve haver uns 3 ou 4 no meu portão,e no outro lado do muro,não tenho nem ideia.
Pelo jeito,teremos que sair daqui logo.Sem energia,com um grande incêndio se aproximando,e com quase nada de água,iremos fazer uma mudança,só não sei para onde.
Não sei se ainda existe alguém vivo pra ler isto,nem se estarei vivo nos próximos dias.
Às vezes eu lembro da minha antiga vida...numa hora dessas,eu tinha acabado chegar da igreja...acho que agora não existe mais fé,e todas aquelas pessoas devem estar vagando sem rumo,faltando algum membro ou pedaço do rosto...
Pensando bem,nem sei como a internet ainda funciona...agora vou desligar o notebook,ou a bateria vai acabar.

23 de junho de 2011

5º Registro...

Os malditos infectados derrubaram o portão da casa ao lado...estão do outro lado do muro.
Agora estamos cercados por essas merdas...deve haver uma dúzia dessas coisas na rua.
Caramba.Queria tanto acordar,e ver que isso tudo era apenas um pesadelo demente...mas todo dia eu abro os olhos,e escuto os gemidos dessas coisas...
Isso é uma tortura...
Não aguento mais.

4º Registro...

Estive a quase 3 dias sem postar nada...mas ainda estou vivo.
Agora,quando ocorrem quedas de energia,duram quase 6 horas,e estou em uma delas,postando isso agora,nesse notebook.
O único ruído que escuto é o de mãos batendo no meu portão.Esse som monótono está me deixando louco...
Ontem à tarde eu não aguentei e saí para meu quintal.Essas criaturas ficaram loucas,e passaram a impressão de que a qualquer momento,aquele portão iria ao chão.
Eu soube que a maioria das áreas seguras caíram.Milhões de mortos por todo o mundo.Mortos que andam.
Mas alguns ainda estão de pé,como a área segura de Buenos Aires.
Daqui,já posso sentir o cheiro putrefato desses seres que estão no portão.Cheiro de morte...
A comida não falta ainda,mas é sempre o mesmo gosto.
Quando saí ontem,pude ver a uns 2 Km de distância,uma gigantesca coluna de fumaça...droga,ninguém para apagar.Seja o que for,queimará até os alicerces.Tomara que acabe rápido,ou esse fogo chegará em breve à minha casa.
Fico me perguntando como está minha tia agora,já que essa droga de doença já está no mundo todo...
Hoje vi meu vizinho mancando pela rua,sem um dos braços e com um buraco imenso na cabeça.
Coitado...será que sabe de sua própria existência?Será que sua alma ficará presa naquele corpo até alguém meter algumas gramas de chumbo em sua testa?Tomara que não...
As vidas de minha família e a minha resumiram-se a alimentar-se,beber o mínimo de água,e ficarmos em silêncio,escondidos.
Somos ratos agora,e quem domina são os mortos...
Droga...escutei um barulho ali no portão,vou ver o que é.

20 de junho de 2011

3º Registro...

Acabou tudo...apenas a Globo e a Band Estão no ar.Tudo está em ruínas...A Ásia inteira está contaminada...Europa está do mesmo jeito,e o Canadá passou a infecção para os EUA,os dois países caíram...a grande potência mundial agora é apenas um cemitério a céu aberto.
São Paulo,minha cidade...a algum tempo era um lugar agitado para se morar,uma metrópole...agora é uma mortópole.Sim,a cidade,ou talvez o sudeste inteiro do Brasil deve estar morto.Não dá pra saber.
A energia elétrica já fica falhando às vezes,e a linha telefônica está congestionada,impossível fazer uma ligação.
Felizmente,minha tia saiu do estado um pouco antes,ao saber de tudo.Mas não sei se essa infecção já conseguiu sair daqui.
Enquanto isso,estou aqui,escutando gemidos desses infectados...talvez sejam gemidos de dor,ou de frustração,por não poderem saborear um pedaço de carne humana.Só sei que 4 deles estão no meu portão,parados,mas um deles está segurando as grades do portão...parece que de alguma forma,estão sentindo nosso cheiro,ou nos escutando.Mas provavelmente não conseguirão entrar.
Se alguma coisa nos obrigar a sair daqui,será a falta de comida.E vai ser um problema,se eles permanecerem lá.
Agora vou ficar em silêncio,junto da minha família,na tentativa de dormir,até amanhecer.
Acho que esse computador já faz um grande barulho,contando com o silêncio absoluto que está no meu bairro...

18 de junho de 2011

2º Registro...

Jesus Cristo...este mundo foi abandonado...
Pude ver o primeiro da janela do meu quarto,ele corria atrás de um homem.Posso ouvir tiros daqui...
Com certeza.Este mundo está à mercê do inferno...se você estiver lendo isto,considere-se uma pessoa de sorte,pois o que estou presenciando aqui não é nada bonito...vá se preparando,porque eles estão por todos os lugares.
Boa sorte,você vai precisar...

1º Registro...

Desculpem gente,mas não tive ânimo algum ontem.
Eles já são milhares...a maioria.
A ONU orientou a todos para se dirigirem às chamadas "áreas seguras",que na teoria,seriam fortalezas contra essas criaturas.Cada cidade afetada tem a sua.
A sociedade já se desmanchou...somos apenas presas e predadores.Deus faça com que essa seja uma decisão acertada: minha família não irá para essa área segura.Eu os convenci a isto(mas nem eu acredito que isso dê certo...apesar de que escutar um garoto de 14 anos nesse inferno seja uma boa.),porque para mim,quanto mais gente,mais carne para eles.Simples assim.
Mas a verdade,é que eu vi os primeiros ontem à noite.E não gostei do que vi...
Depois de tomarmos a decisão de ficar em casa até as coisas melhorarem(o que é improvável),fomos a um supermercado,que fica a uns 5 Km de minha casa,para comprar alguns mantimentos.O lugar estava entupido de gente,que comprava coisas apenas para ir à essas áreas seguras.Nós enchemos o carrinho de comida enlatada,garrafões de água,um lampião(de acampamento),lanternas,e várias pilhas...além de alguns equipamentos para camping e ferramentas,que poderiam virar armas.
Mas na saída,mais ou menos uns 6 infectados entraram no supermercado.Correria e pânico tomaram o local.Teve um lado bom,levamos tudo isso sem gastar dinheiro...como se dinheiro valesse alguma coisa agora...
Do caminho do supermercado à minha casa,vi coisas que não tinha visto a vida inteira.Bandos cercando pessoas e as despedaçando com as mãos e dentes...veículos virando montes de lata em muros...tiros.Muitos tiros.
Policiais e traficantes,juntos,apenas tentando sobreviver.Irônico,não?!
Pois é...começou a droga toda,e o jeito é tentar aguentar o impacto.
Agora estou em casa,enquanto meu pai e meus irmãos tentam reforçar o portão com alguns pontaletes de madeira...esperamos que isso nos mantenha em segurança,pelo menos por um tempo.
Escrevo isto em lágrimas.Sei que no fundo,é quase certeza de que não sairemos dessa.Ninguém sairá.
Só peço a Deus que nem eu,e nem minha família acabemos como essas coisas.

17 de junho de 2011

O fim começou...

Só sei que tudo está fora de controle...estou sem humor pra digitar algo hoje.
Amanhã eu continuo.Se estiver vivo até lá.
...

16 de junho de 2011

A pior noite da minha vida...

Não dormi hoje.Fiquei esperando o pior dos males chegar à minha porta.Ao meu quarto.À mim...
Ás cinco horas da manhã,já estava de pé,vendo os noticiários...deveria não tê-los assistido.
Logo após a saída dos infectados para fora do hospital,só o que se podia ver era destruição;Enquanto os soldados tentavam sobreviver,disparavam tiros de seus fuzis nos infectados,em veículos próximos e desesperadamente,em outros soldados.
O bairro de São Matheus virou uma zona de guerra,montes de mortos foram queimados no estacionamento do hospital,para evitar mais contaminações,enquanto outros soldados perseguiam os sujeitos cambaleantes...uma parte foi abatida,mas a maioria foi espalhando o caos por todo o quarteirão...tudo saiu do controle.
De um simples caso de uma doença,até o estado de alerta de uma cidade inteira,uma cidade de onze milhões de habitantes,isso em menos de 5 dias...não dá nem para acreditar,mas é real.
Como se fossem fugitivos,dezenas de infectados(que a essas horas,já devem ser centenas) são procurados pela polícia e pelo exército...muitos helicópteros sobrevoam a área,inclusive,vi um passando por cima do meu bairro,que não é nem a 15 Km do foco disso tudo.
Bom saber que quase 150 pessoas estão lendo este texto,que além de um desabafo,é um alerta.
Agora,estou me sentindo como um profeta apocalíptico que teve sua profecia concretizada.Na verdade,nem eu acreditava que as coisas chegariam a esse ponto.
Droga,me preocupei tanto com o que acontece aqui,que não vi como está o mundo...na Rússia,as coisas não estão muito diferentes daqui...Moscou já está mergulhada em um caos completo,e no Canadá,a infecção também está se desenvolvendo.Ouvi rumores de que os primeiros infectados chegaram ao norte dos Estados Unidos;Na China,parece que os militares estão resolvendo com bombas,já que com a aglomeração de pessoas,a infecção ficou incontrolável.
E a única conclusão que tirei foi que quanto mais gente enfrentar essas "coisas",mais comida eles terão...pelo menos para mim,o plano é me esconder,até quando der...
Hoje não fui à escola,ninguém da minha família trabalhou,e o novo toque de recolher começará hoje,às 18:00h.
Pelo jeito,parece que o apocalipse começou.E este é o fim.
Agora é esperar.

15 de junho de 2011

Eu estava enganado...AGORA SIM estamos perdidos!

Dilma Rousseff fez hoje um comunicado oficial em seu site,ao meio dia,junto com o ministro da Saúde Alexandre Padilha,afirmando que este não é um caso isolado.Foram relatados casos na Rússia,Canadá e China.
Que merda...parece que foi justamente um caso em cada continente,e se for verdade,essa doença vai acabar com o planeta rapidinho...por mais que pareça absurdo,não duvido que seja terrorismo,ou algo do tipo!
Quanto a situação no hospital,a merda está piorando.Até às 2 horas da tarde,cinco pessoas morreram na operação que começou ontem à noite,sendo que 3 eram soldados.O que não sabiam é que os infectados conseguiram sair do 6º andar do hospital,contaminando a maioria das pessoas que estavam presentes no hospital...homens,mulheres,crianças.Crianças,droga!
O pior foi o que vi na Globo agora a pouco:uma mulher de uns 30 anos correndo pra fora do hospital,gritando por socorro,ensanguentada...nunca tinha visto nada do tipo,faltava metade de sua face.Logo depois saíram os infectados,uns oito,correndo vigorosamente para fora do hospital(como se seus ferimentos,que já teriam sido fatais,não fossem nada...),três deles conseguiram pegar a mulher,derrubando-a no chão,enquanto o resto ia para cima dos soldados que estavam perto.Logo após isso,um soldado da marinha americana empurrou a câmera e em inglês,mandava todos saírem dali.A imagem travou e ficou estática,ficando fixo o logotipo na jaqueta do soldado:Navy Seals.O som de gritos,tiros e grunhidos assustadores ainda ficaram por uns 5 segundos,depois a tela da televisão ficou preta.
Logo após isso,apareceu o jornalista Carlos Tramontina,com uma expressão que provavelmente estava na face de todos que assistiam:de espanto.
Depois de três segundos em silêncio,ele passou para a imagem de helicóptero.
Do alto,podia-se ver apenas algumas sombras,já que estava escuro,mas tudo do que se podia ver não era nada animador...
Parece que agora começou a parte ruim de tudo...e é bom nos prepararmos.
Há uns dez minutos, a OMS declarou que a doença é contagiosa mesmo(parece que é tarde pra dizer isso...),mas é apenas em contato com sangue ou saliva infectada.Disse também que no Canadá,o número de infectados é cada vez maior,e é a mesma coisa em Moscou,na Rússia,onde já estão tomando medidas extremas,matando os infectados.Ainda em nota,a Organização Mundial de Saúde disse que o HiperVírus(como chamam agora) toma conta do cérebro do doente,controlando funções motoras e mantém a necessidade básica do hospedeiro,a de alimentar-se...e é o que está acontecendo.
Sujeitos cambaleantes fazendo nada mais do que se alimentar...
É o fim.O início do fim.
Que Deus nos ajude...

14 de junho de 2011

Falsa tranquilidade...

Quem diria que eu segurei a fonte de todo este mal...é surreal.
Hoje de manhã,perguntei a alguns colegas da escola sobre o caso...incrívelmente,apenas 6 ou 7 disseram ter conhecimento de tudo,uma pena para o resto,que mora a menos de 10 Km do Hospital São Matheus...é estranho o clima nas ruas...ao mesmo tempo em que ninguém comenta sobre o caso,todos estão hesitantes quanto ao fim desta história.
Por falar no hospital,a mídia parou a constante torrente de informações,mas ainda são vistas algumas reportagens ao vivo constantemente.Uma área de 200m em volta dele foi evacuada,e as forças armadas entraram no prédio para tentar retomar o controle da situação.Já fazem 20 minutos que entraram,até agora nenhum tiro,ou qualquer coisa do tipo...estou vendo uma reportagem ao vivo da BandNews,aguardando algum resultado,várias vezes ouve-se o ruído de um ou outro helicóptero passando por ali.
Já ouvi algumas vezes um rumor sobre suposta morte do enfermeiro que, ao tentar atacar um dos seguranças,foi abatido a tiros.
Minha família está apreensiva,meu pai sabe o que o vírus da raiva causa em alguém...quem dirá de uma evolução dele!
Repito mais uma vez...se esta praga sair do hospital,fico inseguro quanto à segurança de minha família.
Que isso acabe o quanto antes...

Definitivamente...estamos perdidos

Criei um blog a um tempo atrás,o andreeloy.blogspot.com e decidi contar minha vida,mas parece que esta nova doença está ganhando atenção,e este novo blog tem um nome mais do que certo...o antigo blog foi apagado,e a partir de agora,todas as postagens serão neste blog,a fim de informar e alertar a vocês.
Mais uma vez,a GloboNews está mostrando reportagens de 5 em 5 minutos,mostrando a frente do Hospital São Matheus,que está sob vigilância do exército,e alguns soldados da marinha americana chegaram no aeroporto de Congonhas esta tarde,apenas para ajudar na vigilância.
O setor onde estão os doentes está em quarentena...e assim como Nilton e Daniel,os outros funcionários que foram infectados apresentaram agressividade extrema.Parece que isto virou um círculo vicioso...mais 2 pessoas foram mordidas.
Todo o andar onde fica o setor está isolado,provavelmente,o fecharam,sem aviso prévio para quem estava ali.
Estão todos largados.Cada um por si. Em uma das reportagens do SBT,tiros puderam ser ouvidos,talvez um segurança estivesse tentando sobreviver...pelo menos aquele andar é terra de ninguém.
Aposto que não demorará para isto sair do hospital...droga.
Gilberto Kassab supostamente enviou uma nota em seu site,dizendo que isto é um caso à parte,e tudo não passa de um transtorno.Transtorno?!Os EUA estão ajudando a manter aquela droga presa,e é só um transtorno?Pff...tomara que seja uma Gripe Suína da vida,que causou reboliço,mas não era nada tão grave...
Está tudo muito estranho
Provavelmente,a Globo fará um plantão nessa madrugada.
Aguardo novas notícias...

13 de junho de 2011

[Atualização]

Descobri uma nova informação,o enfermeiro acabou de apresentar sintomas iguais aos do Nilton,e pelo que parece,agora está claro:esta doença(ou seja lá o que for) é altamente contagiosa.
O Hospital São Matheus recebeu hoje uma comissão com alguns médicos do CDC(Centro para Controle e Prevenção de Doenças),uma agência de saúde americana...o que é muito estranho,até porque não fazem nem 4 dias depois do que aconteceu.
Examinaram o líquido do pote...era mesmo o vírus da raiva,mas uma forma desconhecida dele.
O estranho,é que nenhum dos infectados apresentam sintomas da raiva normal...é tudo novo,até para esse pessoal da CDC.
O Nilton entrou em coma...o enfermeiro(que se chama Daniel) também deve estar indo para o mesmo destino,e os dois estão isolados.
Os outros 3 funcionários estão sob observação,e também devem virar psicopatas em breve...
Achei rídicula a ideia de zumbis a alguns dias,mas parece que agora,essa hipótese está mais plausível...só espero não ser mordido por algum louco no caminho para a escola...
Por hoje é só,e cuidem-se.

Puta merda...eu vi!

Assistindo GloboNews,eu vi ontem à noite,uma curta reportagem sobre o ocorrido,mas hoje de manhã,já vi algumas reportagens mais elaboradas sobre o que aconteceu.
Caramba,a coisa foi feia!Acabei de saber que o Nilton entrou em um estado mais grave...conseguiu morder mais 3 funcionários do Hospital São Matheus,e agora está isolado e sob observação...pelo que parece,uma grande saliência apareceu em suas costas,como uma corcunda,e a pele com um aspecto mais endurecido,como couro(deve ser de mala véia!Humor negro: OFF),uma equipe de infectologistas está estudando o caso,que até agora trata-se de uma doença desconhecida e contagiosa.

12 de junho de 2011

Dia dos namorados...primeiro post!

Criei o blog...e não tenho muito o que falar. Acho que foi mais para me distrair,já que quando estou fora da escola,não tenho muito o que fazer.Nem o que comemorar hoje.Mas vou começar falando como vai minha vida: meu pai chegou esses dias com uma caixa estranha,parecia ser térmica,quando perguntei,ele disse que não era nada muito importante,era coisa do trabalho(ele trabalha na Zoonoses,que cuida de doenças animais).
Antes de ontem,estava aqui em casa com um colega e resolvemos fuçar a bendita caixa,eu falei pra ele abrir ela,e depois de um vapor sair dela,ele pegou um pequeno pote com um etiqueta escrito:RAIVA-Vírus Concentrado.
Achei que era besteira...nada muito importante,parecia que era uma coisa rotineira,e parecia mais um pote de urina!Resolvemos guardá-lo de volta.
Ontem meu pai voltou do trabalho com uma expressão cansada,me contou que levou aquela caixa de volta,e quando um tal de Nilton ou Nilson pegou o pote sem cuidado,ele caiu,e espirrou um pouco do líquido nele.
Ele disse que foi uma situação estranha...o homem gritava que queimava justamente onde teria caído o líquido e ao olharem,realmente,suas coxas estavam com feridas.Chamaram um enfermeiro,que trabalhava num setor perto dalí.Quando ele encostou na ferida,o homem ficou possesso,louco...e atacou o braço do enfermeiro a mordidas.Logo após isso,ele desmaiou,e sangrou pela boca.Tudo foi assistido pelo meu pai...ainda lá dentro,meu pai contou que os dois foram levados ao hospital,mas antes de ser colocado na ambulância,o homem acordou e levantou da maca,correndo de volta ao prédio de onde saiu,e se chocou contra as portas que tinham sido fechadas pelo segurança,vomitando mais sangue nos vidros...logo após isso,desmaiou novamente,e foi colocado na ambulância.Ao ouvir essa história,a primeira coisa que veio a minha mente foram zumbis...quase dei risada na hora,mas a coisa era muito séria pra isso.
Hoje meu pai não trabalhou...ao chegar no portão,comunicaram que por conta do que acontecera,ninguém trabalharia.E só o que se podia ver lá dentro,eram viaturas da polícia,e alguns carros de reportagem,fora os vidros,ainda ensanguentados,e alguns legistas os examinando...todos ainda sem notícia do Nilton,nem do enfermeiro.
Quero só ver essas notícias...
Bom,por hoje é isso pessoal!
Até mais...