16 de julho de 2011

16º Registro...

Me desculpem por não ter atualizado isto antes,mas não tinha muito o que contar até a noite de ontem,quando Carlos reuniu a todos no pátio e disse que a comida estava acabando...
Todos ficaram em silêncio por um bom tempo.
Sem comida,não temos condições nem motivos para ficar aqui...e fora daqui,não temos condições de sobreviver.
Mas parece que é isso.Ou ficamos para morrer de fome,ou saímos para possivelmente sermos infectados.
Depois de toda a murmuração que se estendeu por uns 10 minutos,Carlos pegou um rádio comunicador e tentou algum contato.Depois de um tempo,ele recebeu um sinal fraco,cheio de ruídos,mas dava para entender alguma coisa.
-...você estiver escutando isso,venha para a aveni...repito...venha...aulista...abrigo e prote...-a voz era grave e rouca,provavelmente de algum oficial experiente do exército.
-Não acredito...um dos meus superiores ainda está aguentando firme!- Carlos quase derrubou o rádio no chão e continuou- Essa transmissão deve vir da área segura da avenida Paulista.
Ele ficou quieto por um tempo,enquanto todos olhavam para sua cara.
-Só tem um jeito de sobrevivermos...- disse ele,dando uma pausa- Vamos para a avenida Paulista.
A desordem começou,e todos queriam falar ao mesmo tempo.Fui dormir...
Hoje de manhã,todos já arrumavam tudo para a retirada,mas um grupo decidiu ficar ali...
Depois de explicarem a eles que o portão ficaria aberto depois que saíssemos,disseram que se trancariam em uma das salas até que os infectados se afastassem de lá,e depois,o fechariam de novo.
-Não quero acabar igual a eles- apontava para fora da escola-...Deus vai nos ajudar- disse a dona Fátima,uma senhora simpática de uns setenta e tantos anos- Se cuida meu filho!- disse pra mim,enquanto segurava um terço.
Ela criou uma amizade com minha família,especialmente com minha mãe,que para ela,era quase como uma filha.Nestes tempos,algumas semanas são o suficiente para as pessoas se amarem...a se tolerarem.Acho que é o instinto de sobrevivência.Ninguém fica contra ninguém.
Coitada dela...ficar aqui com um grupo de pessoas assustadas...isso é plano de doido.
Mas o de ir para a avenida Paulista não fica atrás.Vou cruzar a maior cidade do país com 90% da população querendo nos matar.
Vai ser amanhã.Vou escrever no meu diário se conseguir.
Mas existe uma enorme chance de essas palavras serem as últimas que escreverei aqui.
Deseje-me sorte.

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